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sábado, 5 de novembro de 2011

Reciclagem de carros

Para muitas religiões, a vida após a morte é uma certeza. Para os carros também. Isso principalmente nos Estados Unidos e na Europa, onde 95% dos veículos que saem de circulação são reciclados, já no Brasil esse índice é de 1,5%, de acordo com o Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não Ferrosa. Praticamente todas as peças podem ser reaproveitadas. A carcaça, que representa 68% do automóvel, vira material para um veículo novo. O parabrisa se transforma em garrafas e os pneus servem de matéria-prima para pavimentar ruas.

Estima-se que no Brasil existam cerca de 10 milhões de veículos aptos para a reciclagem. Isso significa cerca de 5 milhões de toneladas de sucata ferrosa, o material mais abundante num carro. Ela se transforma em aço, que é infinitamente reciclável. "Cerca de 70% do aço aplicado hoje em nossos carros vem de sucata ferrosa", diz Heitor Bergamini, diretor executivo da Gerdau, uma das fornecedoras do produto às montadoras. "Se a reciclagem aumentar, esse número pode ser maior."
Por aqui, não há regulamentação, mas o reaproveitamento chegou a algumas fábricas. "Modelos brasileiros já têm, em média, 85% de materiais que podem ser reciclados", diz Heloisa de Medina, pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral do Ministério de Ciência e Tecnologia. O EcoSport tem 85% de seus componentes recicláveis, segundo a Ford. O revestimento do teto e dos porta-objetos, por exemplo, é de fibras naturais de juta.
Por lei, na Europa, as montadoras têm até 2015 para reutilizar 95% do carro. Os japoneses contam com o mesmo prazo para reaproveitar 70%. Várias fábricas se movimentam para se adequar às exigências.
Na Nissan japonesa, 70% do material das linhas de montagem veio da reciclagem. É o caso das rodas de alumínio, usadas em itens da suspensão. A marca também investe na melhoria da desmontagem dos modelos para facilitar o reaproveitamento. "Antigamente predominava o projetar para montar, agora prevalece o projetar para desmontar", diz Francisco Satkunas, engenheiro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE). Os modelos da Volvo, de acordo com a marca, são 95% reaproveitáveis, como o plástico dos protetores de bateria, que viram aros de roda. Já substâncias nocivas, como chumbo, cádmio e mercúrio, desapareceram.
Além de ecologicamente correto, o reaproveitamento pode ser economicamente vantajoso. O preço do plástico reciclado, por exemplo, é 40% mais baixo que o da resina virgem. E a indústria de reciclagem automotiva americana fatura 25 bilhões de dólares por ano. Apesar disso, por aqui existem só leis estaduais, como a portaria publicada pelo Detran do Rio Grande do Sul e o projeto "Pátio Legal" do governo de São Paulo. Ambos querem esvaziar os pátios. Por dois anos, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) estudou leis internacionais e até dezembro deve apresentar um projeto ao governo federal. "A proposta é criar um centro de desmontagem para destinar materiais às recicladoras", diz Harley Bueno, coordenador de uma comissão da AEA, também formada por representantes da Ford, Fiat e Volkswagen.



FONTE: QUATRO RODAS